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maio 14, 2011

braços abertos





bano do peito
parafusos e porcas inúteis
serviçais póstumas e ciumentas
de regras intransponíveis

que se pegam como peçonha
na vã esperança do conformismo
em que pago as contas do alheio
e é frequente esquecer-me das minhas

a dívida gera desconforto
e paro um feto fingido
e um fungo parasita de espécie rara
que envenena o meu pensamento

quando o abdicar traz felicidade a alguém
ou talvez nenhuma
deixo que ele nasça no meu peito
tenho filhos dependentes deste alimento

outros simplesmente procuram um abraço
sugam o amor de olhos escancarados
e cortam as mãos de uma flor fértil
onde todas as Marias da região
podem enfim descansar


(Naf)
09/05/2011