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março 22, 2011

Melodia com sabão


Enquanto pardais
pousam nos ninhos
pêndulos permanecem
erguidos
nas varandas
da vizinha ao lado
e as molas velhas
caem
de madeira
tão escura
cheiro de sabão no tanque
força de bruto arranque
que nos cobertores segura
levantando-os
altos vôos
esfrega-os fazendo rolos
pás pás faz na pedra
fonte de água e frescura
vozes de mulheres do campo
com as mãos escuras da terra
são lavadas ao som do vira
e em canções vão criando a prole
do povo que se lava no rio
o suor na pele brinca
entra em teimosia
com o que foi um dia
ruga de expressão num rosto
símbolo de sabedoria
alguém em gaiata me dizia
que ser velho é um posto.


(Naf)
03/2011