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março 23, 2011

Fábula



Hoje acordei feliz
o sol faz desses milagres
fui à janela
vi que tudo brilhava
enquanto em órbita esperava
pelo folgar do som da flauta transversal
motivo de simulacros fabulosos
manifestação do irromper
duendes imaginários
fadas pousadas na minha mente
aceitei levarem-me pelo irradiar do improvável
que se confundia com o calor do sol quente
hoje deixo na cabeça ovos estrelados
pelo calor dos meus pensamentos
não são palavras,
apenas amostras infiéis e insuficientes 
daquilo que tantas vezes queremos dizer
se tudo pudesse ser como La Fontaine
formigas encontrariam o descanso merecido
e muitas lebres seriam deixadas para trás
o alojamento dos inquietos
insatisfeitos,
intrusos que injectam letras dançantes
o frenético  baile real na minha alma
que ao apelo de uma caneta deslizante na minha mão
saciam as suas sedes do intraduzível
fazem de mais um dia
um descoser desalinhado.



(Naf)
03/2011