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junho 14, 2011
escalas e pódios
no baú escuro fluente da vida
onde habitam as letras
existe uma balança corrupta
n'alguns sem peso nem medida
noutros a comporta
é devidamente amestrada
para aqueles a quem a balança
desafina na procura ou desalento
as palavras que adormeceram
ouvem-se gritos de silêncio
ensurdecedores à indiferença
que se resumem a um clamor de olhos secos
são carneiros deitados no altar
na expectativa de que o louvor celestial
lhes quebre o silêncio indesejado
nada, absolutamente nada
é tão horizontal como a voz do que opina no vazio
e faz uso das vísceras mentais para o nada
apenas uma coisa é mais eficaz
aos bem falantes argumentistas
triados entre escalas e pódios
quando os orifícios da carne vaidosa
cumprem uma pausa no dia em que pesam a alma
caem, oferecendo a sua língua aos mudos renegados
as palavras serão hóstias que libertam
e as rendas do passado replico serão desfeitas
quando a voz que clama no deserto não mais se ouvir
(NAF)
12/06/11