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junho 09, 2011
do outro lado
na nossa cidade
há uma montanha
de betão e arame farpado
que rasga os nossos sonhos
ela estende-se
pelas gargantas das avenidas
calando gritos de liberdade
embrulhados em peitos abertos
o meu sangue está do outro lado
metade do meu peso
a outra parte da taça
que os meus olhos bebem
para te dizer adeus
pouso as mãos no céu
e toco-te no meu espaço
vazio dos teus braços
não é preciso conversar
apenas esperar que tu passes
riscando o ódio das fardas
que não podem apagar o amor
há muito que espero um sinal
e que o batimento divino
dê um empurrão às vidas turvas
sem um horizonte
do outro lado
(NAF)
07/06/2011