Translate
julho 31, 2011
deixa passar o barco
a tarde esconde-se
e os abraços de despedida
surgem na boca dos olhos
que dizem não
à primeira tentativa
de atrasar os ponteiros
sem tréguas
espero que do beijo incompleto
possa renascer algo
apenas existente
na flor dos teus lábios
mas saturno perde os anéis
nesse exacto momento
e a maré muda
trazendo com ela um anel colorido
que se aloja no meu pulso
e uma vela ao longe
prenúncio de que o atalho é
afinal eleito por muitos,
deixa passar o barco
para que seja somente nosso
este beijo
(NAF)
31/07/11
julho 30, 2011
na direcção do vento
se inteira sou
como o tempo
que se abate sobre mim
espero sentada
mesmo que o corpo teime
em erguer-se
os meus olhos são
dirigidos
na direcção do vento
quente que passa
na tua garganta
seca de tanto chamares
o meu nome
se inteira sou
não desfeita
e nos meus silêncios
redescubro os ramos divididos
caídos nas margens
da memória
sempre ardente
das tuas mãos
no meu peito
(NAF)
29/07/11
julho 29, 2011
cinzas
parte de mim
corpo inteiro
escorre
por entre os teus dedos
ainda quentes
tentando abraçar o sol
como
se o amanhecer
lentamente
trouxesse de volta
a jóia da coroa
feita de cinzas
é o que resta
da minha rosa azul
que te amava
perdidamente
e que ainda ama
mesmo sem poderes
tocar
o céu da minha boca
(NAF)
27/07/11
julho 27, 2011
saudade
oito primaveras
que não te esqueço
partiste
e um retalho deixaste
nas minhas pupilas lavadas
feitas de carne e aço
agora
que a última primavera
findou
arejo na doçura
da poltrona em que dormito
e as pétalas
da saudade formam
um novo fôlego no meu peito
vou esperar-te
dois degraus acima
do pingar do meu silêncio
inútil
(NAF)
25/07/11
julho 25, 2011
amy
salva-me
de mim mesma
guarda um lugar
ilimitado
sem truques nem sombras
no teu coração
são cegas
as flores da primavera
que crescem
e caem
sem te perseguir
trago a magia
de um desejo
ou tormenta do vazio
de um só beijo
libertador
e o caminho
traçado nos teus olhos
prontos a dar à luz
o riso
salva-me
com o teu braço, levanta-me
e atrai-me ao céu
dos teus pés
(NAF)
25/07/11
julho 24, 2011
como voltar para trás
o meu mundo
é o céu
lá em baixo
das libelinhas
e dos pássaros aquáticos
já pouco ouso falar
o que me prende à vida
é a brisa
no sentido contrário
ao silêncio
e a mão acorrentada
à esperança
de um abalo divino
que não conheço
(NAF)
23/07/11
a espera
sempre antecede
uma espera
a um culminar desejado
teço um cesto
onde o sim, não e talvez
são parte de um conteúdo
desconhecido
e o coração acelera
pelo final da rotação dos ponteiros
que ao invés de caminharem
deitam-se
num lento contratempo
contrariando
os batimentos acelerados
deste músculo
exclusivo
de um ponto no tempo
em que os nossos olhos
se encontrarão de novo
no beijo
(NAF)
23/07/11
fado
espero que a guitarra
avance
pelos meus ouvidos
vazios, atentos
nas cordas o seu choro é entrelaçado
trémulo no som de uma
pele dona que conhece
o canto e rima
com as notas
na ponta dos dedos amestrados
é solta a melodia
antes presa
no calabouço
da boca cansada
os olhos esses, fecham-se
para mais um serão
de intimidade
com a mais pura madeira
nascida das mãos
vivida nos ouvidos
abertos, sedentos
para o alto momento
na noite
de Lisboa
(NAF)
22/07/11
desilusão
tenho visto
que há lugares
onde a montanha
é mais alta
e os cumes
mais íngremes
onde vivem os sonhos
falhados de mim
não desço
nem subo
ao pico elevado
entrego os meus olhos
de onde saem as borboletas
de um desejo hóspede, cadente
e é na imensidão
do antigo saber quebrado
que me fecho
e abro um novo
capítulo
sem medo de errar
(NAF)
21/07/11
atalhos em flor
amanhece
o raio de sol
dentro de mim
e o amor ao terceiro ensaio
é planeado
em conta gotas
sem pré aviso
cai num abalo
por vinte dias de luz
sem saber que os astros
moram de mãos dadas
com o meu corpo, pele
e a brita é derretida
em ventre andarilho
viajando pelos teus olhos
amanhece
e esta manhã
será a única
dentro
e fora de mim
em visita pelos teus
atalhos em flor
(NAF)
21/07/11
julho 20, 2011
o grito
motor
de busca em branco
colapso
solução do corpo
escape da alma
o som
das palavras perdidas
e achadas
no desfazer
de um silêncio ensurdecedor
onde
o pó é levantado
e baixa a cortina
no limite
do tempo
(NAF)
19/07/11
poema de verão
pinte-me ele
com uma tinta
de mil cores
alegre-me ele
o meu sopro
com a sua voz meiga
no meus cabelos
faça-me ele
mona lisa
rodeada de begónias
e vestida de jasmim
traga-me ele
as libelinhas
os corvos
e as formigas
que com a sua harpa
conseguir caçar
e fujamos juntos
para a terra do nunca
onde não existem
fogos proibidos
nem ausências
(NAF)
18/07/11
ninhos de cetim
posso começar
um poema dizendo
:amor
ou contando
águias cor de rosa
em ninhos de cetim
e posso terminá-lo
com artilharia pesada,
ou flores de jasmim
:) ________________
e uma rima antiquada
mas também posso
começar com um
:adeus
e acabá-lo
sem palavras
na tua boca fechada
entre as 15 e as 20h
mas hoje vou apenas
deixar-te pensar
porque gosto de ser mulher
(NAF)
18/07/11
julho 17, 2011
um "tchau" dito baixinho
Olá,
e as entranhas
encolhem-se nesta dualidade
de sensações
que vão imperceptivelmente
tomando conta
dos dias que passam devagar
fico grata pelo ontem
mas já a saudade habita
em algo que na realidade
não faz parte de mim,
dos fracos reza a história que nunca foram
pessoas conformadas
e que, com sonhos
se vai levando a vida às costas
e assim
as escamas vão caindo
à medida exacta de um olá passageiro
ou de um tchau dito baixinho
porque na realidade
ambos queremos que signifique um Até
sempre
meu amigo,
que não te tenha ainda, por agora
porque jamais
serás meu
mas do mundo inteiro
(NAF)
17/07/11
um poema
um poema
tem pássaros a motor
e asas descartáveis
ele desvenda,
mostra
explica
e por vezes
complica
mas não tem colírio
para os olhos
só
implica
e se quiseres
também descomplica
basta que lhe tires
as metamorfoses
das asas gastas
(NAF)
16/07/11
tem pássaros a motor
e asas descartáveis
ele desvenda,
mostra
explica
e por vezes
complica
mas não tem colírio
para os olhos
só
implica
e se quiseres
também descomplica
basta que lhe tires
as metamorfoses
das asas gastas
(NAF)
16/07/11
de frente para a vida
da terra
já nada se via
dos passos curtos
rente à margem
do rio vivo
delineado de espuma
corria um duplo colorido
festival de branco tingido
e a banda passava a correr
na corrente sem vagar
nem plateia desejada
o destino
tão somente desconhecido
das escamas beijadas
pela força das águas
que teimavam
em nadar
de frente
para a vida
(NAF)
15/07/11
onde foste tu
procurei-te nas nuvens
enquanto ensaiavas o escape
de retorno à terra
dos esquecidos
andaste comigo
pelas arenas dos maldizentes
e quantas jubas tornaste ao pó
sem a tua lança
sem a tua espada
sem a tua boca
procuras um lugar no céu
do deserto da vida
mas não sabes a dor
que me provoca
o teu abandono
e é assim que me beijas
à distância
sem carne
sem boca
e sem coração
(NAF)
14/07/11
passos em volta
a árvore chora
e as suas lágrimas caem sobre a terra
Húmida
levantando as folhas secas
Lembrança dos nossos passos
de quietude em volta do nada
Esta tarde os sons de silêncio são mais agrestes
e as memórias novamente
e mais uma vez
e outra vez
Um bálsamo hidratante
para o meu músculo latente que teima em fazer de uma gota uma
tonelada de loucos
Quereres infinitos
(NAF)
13/07/11
Pintura:
"The red tree" de Mondrian (1908)
julho 13, 2011
:) -te
sou mulher
sem chave
nem cadeado
não sou um galho
que em tempo certo
pode ser cortado
a luz é mais intensa
quando se prova
a solidão de uma noite
por cumprir
e sei
que existe um sol
que não muda
ainda vou derrubar
:) -te
com um beijo
delicado
(NAF)
13/07/11
a península
o meu coração
não está aqui
tiraste-o
arrancaste-o
rasgaste-o
e levaste-o para longe
de mim
espero por ele
todos os dias
à janela
me encosto
espreito, aguardo
desespero
que os teus passos
sejam ouvidos
e o teu inspirar
me faça renascer
Sobrevivo
na esperança
de que mais um dia
e uma noite
me sejam outra vez
eternos
e a península da saudade
esquecida,
o meu coração
está perto do teu
e não sabe o caminho
de volta
(NAF)
12/07/11
A viagem
Estava no final
E Sem dar por isso
Parei, Recuei
Sem olhar para trás
Movi-me
em torno da lua
Até dela já não se ouvir falar
E na mesa redonda
Já de sombras coberta
Esplanei o mapa
Do Kilimanjaro dos meus pensamentos
Dedo a dedo
Suave, decidido
Entreguei as minhas pestanas risonhas
Ao adormecer do sol
Em silêncio comendo o pó
Dos meus lábios secos
Sem nascente
E
nos meus sapatos rotos
o Riso
(NAF)
12/07/11
ilusão óptica
no vento
reza a estória
que nada é vão
nada é esquecido
no brilho escondido
dos olhos
flores que
ao passares
largas no chão
E sinais ao minuto
marcados
pela contagem
de
cres
cen
te
é um condão
multicolor
esse que trazes
ao me fazeres
aspirante
de beija-flor
sem infringires
a lei
ligada
ao véu óptico da solidão
ainda
por rasgar
(NAF)
11/07/11
julho 10, 2011
quero voltar a voar
eu sou uma folha
caduca
no chão que não se move
levanto-me
poiso
renasço
esqueço
sem remorso
nem retorno
esse fruto doce
e que dei
alimentei,
as sobras de alegria
lhes bastaram
quero voltar a voar
e não me lembrar
onde pôr os pés
são vendavais
onde me arrastam
ou o ilusório
sabor doce das quedas
sem querer
me levanto
sem parar
continuo
sem dor
nem um sono à vista
no final
trilho
um atalho
recto
em mim
rente ao tronco
húmus da terra
que bem me quer
(NAF)
10/07/11
o meu verniz
dói-me
o cotovelo
e não sei porquê
será chuva
será vento
ou será
uma colecção de pedras
sem alicerces
dói-me a alma
e sei porquê
uma dor não se vê
e passo ao largo
de mim mesma
sem sequer saber
quem procura
por mim
faço das palavras
o meu verniz
estala
ao primeiro raio do sol
da noite
(NAF)
09/07/11
julho 08, 2011
ponto sem nó
há que ser forte
encolher a barriga
levantar o peito
mas há também
que ser fraco
parar, deitar fora
sem demora
frases feitas
ficam pegadas
aos dentes
da mente só saem
palavras sem bainha
nem nó
só
há que sorrir
para parecer
que vai tudo bem
e cruzar as mãos
para que
o tudo e o nada
sejam a mesma coisa
e fazer
da fraqueza força
e alimentar a chama
da esperança
(NAF)
08/07/11
perto do sol nascente
existe um lugar
perto do sol nascente
onde os espaços se enamoram
ao ritmo da calma
sendo o único abrigo visível
entre o frio que gela a espinha
E o farol que se deleita nas ondas
ouço falar dele
e sei que não está perto
nem longe
apenas sei
que ao largo dos meus pensamentos
existe um lugar
onde nunca se nasce
sempre será eterno
aos olhos de quem olha
para dentro
(NAF)
07/07/11
a céu descoberto
guarda-o por mim
esse sopro lento
de par
em
par
que se difunde
no ar
nenúfares do espaço
que se banham
no lugar chamado lés
a lés
envolto em madeira
é tratado pelos teus olhos
quentes, pequenos
semiabertos
de tanto esperar
as danças com a face descoberta
e guardas os ritmos
em parte incerta,
longe numa caixa redonda
de lentos manjares
que se afastam
da tua ilha
despida
de mim
as rosas em flor
desabrocham
num jardim
só teu
só meu
só nosso
(NAF)
07/07/11
julho 06, 2011
o medo
há uma erva daninha
que insiste
em me nascer
nos pés
anda à roda
nasce
morre
c
a
i
e volta
a nascer
em sonhos
ouço-a
gritar
nascer
morrer
nascer
e assim
sei
que
estou
viva
(NAF)
06/07/11
julho 05, 2011
niilismo
sou um nada
no tubo
cheio
no nada que sou
do nada
em que tudo está
vive um tudo
inteiro
agente da casca
que sou
espelho vazio
que o nada reflecte
e no tudo que me sustenta
é um nada que me alimenta
sem ambições
nem solidão
o estranho é que o nada
do nada que sou
deixa-me ver
o que vale a pena
ser
nada
(NAF)
05/07/11
naufrágio
uma
a
uma
:as borboletas
surgem
como autoras
de vícios altos
baixa tensão
aderem à rede estática
em telégrafo
ou telepatia
e unidas pelos braços
ímans ao quadrado
na aurora
no meu estômago
entre valsa
e rodopio
de calor consumidas
sobem rumo
à plateia
onde centenas
de milhar
de sementes
aguardam o rasgar
da terra envolta em saliva
e sem s.o.s.
ou bandeira hasteada
naufragam
livres
na maré
da tua boca
(NAF)
05/07/11
a mil anos luz
espero incólume
que um qualquer
pontinho vermelho
se acenda
trazendo notícias
do teu sorriso
invejo sem hesitar
as libelinhas azuis
à minha volta
sem pressas
nem pêndulos
que as dominem
está para chegar
uma nova forma
de silêncio
o de fechar os meus olhos
e ver-te nítido
sobre a réstia de esperança
que ainda viaja
a mil anos luz
do meu colo
vazio
(NAF)
03/07/11
julho 02, 2011
o moinho
quando
as teclas nas tuas mãos
pararem
e de matemática
já nada
me faltar escrever
quando
a gaiola se abrir
e a meta deixar ao meu alcance
a tua voz
todos os sorrisos
que mastigamos
se apagarão
:) e será acesa
uma luz fresca
naquele moinho
bem junto ao teu umbigo
onde todos os sonhos começam
e a distância
termina
(NAF)
02/07/11
as teclas nas tuas mãos
pararem
e de matemática
já nada
me faltar escrever
quando
a gaiola se abrir
e a meta deixar ao meu alcance
a tua voz
todos os sorrisos
que mastigamos
se apagarão
:) e será acesa
uma luz fresca
naquele moinho
bem junto ao teu umbigo
onde todos os sonhos começam
e a distância
termina
(NAF)
02/07/11
julho 01, 2011
três semanas e meia
há uma pergunta
que não me sai
da alma
um pulsar
de uma saudade
sem fim à vista
que deixa
a minha fronte
sem passado
nem futuro
o que teria sido
se na tua história
eu te tivesse dito
:sim, quero-te
(NAF)
30/06/11
Subscrever:
Mensagens (Atom)