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abril 14, 2011

O Tempo e o Modo




Corro apressado
e penso alcançar a liberdade
Tropeço na ampulheta de pulso
limpando o carrasco do tempo
com a mão suada
e respiro fundo

de nada tiro proveito
se a consulta de cirurgia à cegueira do ontem
previamente marcada para amanhã
for dona de mim
E sempre posso recusar

nada poderei fazer na minha escravidão
Como arqueiro sem norte atiro flechas para lado nenhum
e aguardo que consigam o bilhete de volta
mas colaboro com a colheita intemporal
deixando que os ponteiros lavrem o que o Divino me concedeu

acolho o imprevisto de rostos famintos
e desfigurados pela peste depressiva
Tantas vezes curada com um bom abraço

O responsável de uma grande produção de carne animada
a exibir na plateia de anjos mais próxima
tem tentado ultimamente premiar-me com um galardão
embora lhe tenha já avisado que prefiro manter afastadas da
mesa de cabeceira caixas de valium, lexotan e outros da mesma espécie.


(Naf)
10/04/2011