Translate

agosto 23, 2019

Sombra


Vamos
praticar o amor

Gritaste

Jardina-me
As feridas

Também
Eu
Pensei
Saber fazê-lo.

Por causa
Dos ancinhos
mendigos
D' alma

Desapaixonei-me.


©Naf  .   22-08-19


[Quaisquer coincidências com a ficção são pura realidade.]




agosto 20, 2019

Alfa


Baixou-se a cortina
Fez-se luz.

Transformem-se
As dores
Em retinas

Trombetas em peregrinação 

Aguadas de salitre
Reciclando-nos
Em gargalhadas

Fúteis 
Fora de época 
Rotas, podres
E dispersas

Se possível 
Com poderes especiais
Que ressuscitem
A própria
morte 

Celebre-se a inimizade 
Na ciranda 
Da loucura dos
sentidos. 
Pois então?

Só de Deus
Só espero. 
Só 
Sozinha na pele 
Abandono-ta.

Foguetes 
sinos roucos 
altivos
Fustigados, serenatas
Trôpegas

Em vão Bemmequer
Malmequer

Pelo ópio 
Da palavra disponho 
Dispenso

Velório de
Granizo
Enfadonho

Engulo os céus 
E a terra

E num derradeiro pensamento 
Regurgito.
____

Salvem-se 
As flores!
Por favor.

Fim

©Naf  .  13-08-2019



[Quaisquer coincidências com a ficção são pura realidade.]

Ilustração:  Dorota Gorecka


julho 30, 2019

Poema do acaso


Vem, antes que a luz se apague.
dispõe-te a ser combustível
nesta escuridão
de melodias insípidas
e caminhos agrestes,
onde andas sem mim.
Vem calçar os meus pés
nos teus sapatos rotos e
rirmo-nos entre as 9 e as 15
contarmos juntos as andorinhas
talvez, e pronuncio
fazermos um exame ao número de células que existem nos teus lábios
Despidos de fluxo sanguíneo
(Se quiseres.)___ Se vieres, não venhas promolgar despedidas ou desmedidas
Manifestações de amor
Não!
Mas sim, quando vieres lembra-te!
não quero flores, nem embrulhos que o tempo corrói e acabarão por se apagar
Quero sim que venhas inteiro e livre
Cheio de dias para me dar
E um sol descoberto
De trevas
Antes desta luz se apagar.

©Naf


[Quaisquer coincidências com a ficção são pura realidade.]

julho 04, 2019

Criação I

Meritíssimo
Peço-lhe que tenha em consideração
A minha voz,
Não sorvo ervas daninhas
Nem me lembro 
Dos cardos zarolhos
Que são cena de gatilho sem cravo
Tracem-me um abraço previdente
Pois sou ser que não habita 
Em rede de peixe comum
Puseram-me antenas e devastadoras
Etiquetas de grinalda 
Com código de barras para quem quisesse ver 
Aos poucos tentaram invadir as
Larguras do infinito 
Sem contar com a ré ao pagamento 
Das suas próprias mãos
Pois sim, agora sou eu que me cruzo
Em caso de dúvidas 
Absolva-me.
Despeje o coração
Nas palavras
Pois sou mulher
Em construção.
E sismo de magnitude
Elevada.

Naf

[Quaisquer coincidências com a ficção são pura realidade.]